Porto Alegre, Brasil

Entenda o Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) e sua relação com o trauma

O Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) é uma condição de saúde mental que pode surgir após a vivência ou testemunho de um evento traumático. O TEPT pode afetar qualquer pessoa exposta a situações extremas de ameaça, violência, acidentes graves ou catástrofes naturais.

Mas o que é considerado um evento traumático?
De acordo com a literatura especializada, eventos potencialmente traumáticos incluem desde assaltos, abusos, acidentes, sequestros, desastres naturais até perdas inesperadas ou experiências em ambientes hostis. A pessoa reage com medo intenso, impotência ou terror e muitas vezes carrega essas marcas por muito tempo.

Como o TEPT se manifesta?

As manifestações do transtorno variam, mas os sintomas geralmente se agrupam em quatro categorias principais:

Lembranças intrusivas:  Memórias angustiantes, flashbacks e pesadelos frequentes, como se o evento estivesse acontecendo novamente.

Evitação:  Fuga de pensamentos, sentimentos, conversas, lugares ou pessoas que remetam ao trauma.

Alterações negativas no humor e na cognição:  Sentimentos de culpa, vergonha, raiva, tristeza profunda, sensação de isolamento e dificuldade de lembrar partes do ocorrido.

Hiperativação e reatividade aumentada:  Estado constante de alerta, sustos frequentes, insônia, irritabilidade ou dificuldade de concentração.

Mas por que isso acontece?

Quando enfrentamos um trauma, nosso corpo e mente entram em estado de alerta máximo. Essa resposta é natural e adaptativa, mas no caso do TEPT, ela se mantém ativa mesmo depois que o perigo passou. O cérebro continua interpretando o ambiente como ameaçador, o que leva a um estado crônico de estresse.

O trauma coletivo das enchentes no RS: um exemplo recente de TEPT em larga escala

Em abril de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou a maior tragédia ambiental de sua história. Chuvas intensas causaram enchentes devastadoras, afetando 478 dos 497 municípios, com 184 mortes confirmadas, 25 pessoas desaparecidas e milhares de famílias deslocadas. Passado um ano da tragédia, cerca de 400 pessoas ainda vivem em abrigos públicos, aguardando soluções habitacionais permanentes.

Além das perdas materiais, o impacto emocional dessa tragédia é profundo e contínuo. Muitos moradores enfrentam sintomas recorrentes de ansiedade, insônia, hipervigilância e medo constante de novas chuvas, sinais claros de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT).

Casos como esse revelam a importância do suporte psicológico adequado em situações de desastres naturais. O trauma coletivo exige estratégias amplas de acolhimento, reconstrução emocional e políticas públicas comprometidas com a saúde mental da população.

É possível tratar o TEPT?

O tratamento do TEPT envolve, principalmente, psicoterapia, que ajuda paciente a ressignificar o trauma, enfrentando memórias difíceis de maneira segura e gradual.

Em alguns casos, pode haver indicação de uso de medicamentos, sempre com acompanhamento médico. O mais importante é entender que o sofrimento psíquico tem tratamento e você não precisa enfrentar isso sozinho(a).

Por que falar sobre isso?

Muitas pessoas que convivem com os sintomas do TEPT não reconhecem que estão adoecidas. É por isso que a informação, o acolhimento e o suporte psicológico são fundamentais. Falar sobre TEPT é combater o tabu, é abrir espaço para a cura.

Se você se identifica com esses sintomas ou conhece alguém que possa estar passando por isso, procure ajuda psicológica. O trauma não precisa definir sua vida e o cuidado é sempre o primeiro passo para a reconstrução.

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