A maternidade é uma das experiências mais transformadoras da vida de uma mulher. É feita de momentos mágicos, mas também é feita de cansaço, dúvidas, culpas, noites mal dormidas e uma sensação de solidão que, por vezes, chega sem aviso.
Ela vai muito além das imagens idealizadas que vemos nas redes sociais. Envolve adaptações constantes, descobertas diárias e, muitas vezes, um luto silencioso da mulher que existia antes do nascimento do filho.
Dados sobre Maternidade no Brasil
A realidade da maternidade no Brasil é marcada por sobrecarga, desigualdades e pouca rede de apoio. Dados recentes revelam o quanto ser mãe ainda significa enfrentar múltiplos desafios sociais, econômicos e emocionais:
- 97% das mães se sentem sobrecarregadas quase todos os dias da semana e 94% relatam desgaste emocional, segundo a pesquisa De Mãe em Mãe, feita por pesquisadores da USP com mais de 800 mulheres em todo o país.
- A mesma pesquisa mostra que 2 em cada 3 mulheres que são mães classificam sua saúde mental como “péssima”, sendo que mais da metade já buscaram ajuda profissional.
- A maternidade está sendo adiada: de acordo com o IBGE, o número de mulheres que tiveram filhos após os 40 anos cresceu 65,7% em 12 anos. A faixa dos 30 aos 39 anos também apresentou crescimento de 19,7%.
- Apenas 54,6% das mães entre 25 e 49 anos estão ativas no mercado de trabalho formal, revelando os impactos da maternidade na trajetória profissional das mulheres.
- Em 2022, mais de 2,5 milhões de mulheres deixaram de trabalhar formalmente para cuidar de outras pessoas e se dedicarem aos afazeres domésticos, segundo dados do IBGE/Síntese de Indicadores Sociais 2023.
- Cerca de 50% das mulheres que tiram licença-maternidade deixam o mercado de trabalho em até dois anos após o retorno — muitas vezes por decisão dos empregadores, conforme estudo da FGV.
- A maternidade solo cresceu 17,8% em 10 anos, com 55% das mães vivendo essa realidade, ainda que algumas coabitem com um parceiro, segundo dados da FGV e Datafolha.
O impacto silencioso da sobrecarga
Ser mãe não apaga o cansaço. Não elimina as emoções conflitantes nem a saudade de si mesma. É comum que muitas mulheres se sintam sobrecarregadas, invisíveis ou desconectadas da própria identidade.
A sociedade costuma romantizar esse papel, esperando que toda mãe esteja bem diante de uma situação extenuante ou meio caótica. Mas a realidade é que, muitas vezes, o que elas mais precisam é de escuta, acolhimento e compreensão.
Culpa, cansaço e falta de tempo: desafios reais
O cansaço físico de cuidar de um filho ou filha é grande, mas o mental pode ser ainda mais preocupante. A sensação de que o tempo não é mais seu, a sobrecarga de tarefas, as cobranças internas e externas, e a culpa constante por não “dar conta de tudo” se tornam frequentes. E para quem é mãe solo essa sobrecarga pode ser ainda maior.
Além disso, a pressão social para ser a “mãe perfeita”, aquela que amamenta, trabalha, cuida da casa e ainda encontra tempo para si mesma, gera frustrações e comparações nocivas.
A verdade? Não existe perfeição na maternidade. Existe presença, tentativa, amor — mesmo nos dias difíceis.
Ressignificar expectativas: um convite ao cuidado
Envolver o parceiro nas tarefas, dividir responsabilidades e construir uma rede de apoio com amigos e familiares são atitudes que aliviam a carga e fortalecem os vínculos familiares. Ainda assim, é fundamental que cada mulher encontre espaço para se cuidar, seja física, mental e emocionalmente.
E vale sempre reforçar que sim, você pode ouvir conselhos e eles fazem parte do processo, mas aplicar aquilo que faz sentido para você e sua realidade é um ato de coragem e autocompaixão. Maternar não é seguir uma cartilha, é viver uma experiência única, complexa e, acima de tudo, legítima.
Falar ajuda: procure a terapia como uma forma de apoio
Falar sobre a maternidade real, com o seu lado positivo e às vezes negativo, é um passo essencial para normalizar sentimentos que muitas mães carregam em silêncio. Sentimentos que, quando não acolhidos, podem se transformar em ansiedade, depressão pós-parto ou esgotamento emocional.
A psicoterapia surge, nesse contexto, como um espaço seguro para ressignificar a experiência da maternidade. Sem julgamentos, sem rótulos. Apenas com escuta, presença e acolhimento. Um convite ao autoconhecimento e à reconstrução da própria identidade, agora atravessada pela maternidade.
Sim, a mãe também precisa de cuidar. E a terapia é essencial nesse processo.
Neste Dia das Mães, cuide também de quem cuida
Neste mês das mães, e em todos os outros do ano, que tal um lembrete importante? Você merece ser ouvida, cuidada e fortalecida. Não apenas como mãe, mas como mulher. A sua saúde mental importa. E pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas sim um gesto de amor consigo mesma.
Se você se sente sobrecarregada ou precisa de um espaço para falar sobre as dores e alegrias de maternar, estou aqui para te ajudar.
Acolher a sua história pode ser o primeiro passo para viver essa jornada com mais leveza, dentro das possibilidades do seu próprio caminho.
Feliz dia das mães para quem exerce esse papel com tanta dedicação!