As consequências das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul em maio deste ano ainda são uma realidade presente para muitas pessoas. Enquanto as cidades se reconstroem, o trauma emocional e os efeitos na saúde mental das vítimas permanecem, exigindo atenção e cuidado.
Pesquisas recentes conduzidas pelo Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com o apoio da Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam), revelam que 90% dos moradores do estado foram afetados psicologicamente pelas enchentes, com sintomas de ansiedade, depressão e síndrome de burnout.
Eventos climáticos e Saúde Mental: Como as tragédias afetam a nossa saúde mental?
Esses dados mostram como eventos climáticos extremos impactam mais do que o ambiente físico – eles atingem profundamente o bem-estar emocional das pessoas. Quem perdeu seus lares, enfrentou dificuldades financeiras ou passou pelo trauma do deslocamento forçado está entre os mais vulneráveis, especialmente entre as classes de menor renda.
De acordo com o estudo, a população com renda familiar inferior a R$ 1.500 é a mais afetada, com altos índices de ansiedade (100%), depressão (71%) e burnout (69%).
Esses números refletem a desigualdade no acesso aos recursos necessários para a recuperação. Pessoas com melhores condições financeiras tendem a lidar melhor com o estresse causado pelas perdas, já que possuem mais suporte para reconstruir suas vidas. Já aqueles que têm menos recursos sofrem um impacto emocional mais duradouro.
Para muitas pessoas, o trauma não se manifesta de imediato, mas pode surgir ao longo dos meses, à medida que os desafios de recuperação se tornam mais evidentes. A ansiedade e a depressão podem se agravar, especialmente quando não há uma rede de apoio adequada. O cuidado com a saúde mental torna-se, então, uma necessidade urgente.
Ansiedade Climática: medos e incertezas sobre o futuro
Um fenômeno crescente em todo o mundo, e especialmente em regiões afetadas por desastres naturais, é a chamada Ansiedade Climática. Esse transtorno se refere ao medo e angústia gerados pela incerteza sobre o futuro diante das mudanças climáticas e eventos extremos, como enchentes e secas.
É importante estar atento aos sinais desse tipo de ansiedade: se você sente uma preocupação constante e excessiva com o clima, dificuldades em dormir ou se concentrar, ou uma sensação de impotência diante das catástrofes ambientais, pode ser o momento de buscar ajuda.
A terapia pode ajudar a reduzir essa ansiedade, proporcionando ferramentas para lidar com esses medos e promovendo o equilíbrio emocional.
Quando buscar ajuda?
Se você se identifica com esses sentimentos, é importante lembrar que buscar ajuda é o primeiro passo para a recuperação. A terapia oferece um espaço seguro para processar os traumas, encontrar alívio e desenvolver estratégias para lidar com os desafios emocionais. Ninguém precisa enfrentar isso sozinho. O apoio psicológico pode fazer toda a diferença nessa jornada de cura.
Cuide da sua saúde mental
O apoio psicológico durante momentos de insegurança climática é um aliado importante para garantir que as pessoas tenham a oportunidade de atravessar esse processo com amparo emocional.
Lembre-se: procure ajuda, agende a sua consulta.