Porto Alegre, Brasil

Variações de humor ou de Transtorno Bipolar? Saiba como diferenciar!

Muitas pessoas costumam dizer que são “bipolares” ao perceberem oscilações em seu humor ao longo do dia. No entanto, nem toda variação emocional caracteriza o transtorno bipolar. Essa é uma condição médica complexa, que envolve alterações significativas no humor, energia e comportamento, impactando diretamente a vida do paciente e de quem convive com ele ou com ela.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, correspondendo a aproximadamente 1–2% da população global. No Brasil, a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) estima que cerca de 8 milhões de pessoas sofrem com essa doença.

Essa condição pode envolver fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais. Caracteriza-se por episódios distintos de depressão e mania (euforia intensa), podendo também incluir a hipomania, que é uma versão mais branda da mania. Os sintomas podem durar dias, semanas ou até meses, sendo comum o diagnóstico antes dos 30 anos, especialmente entre os 18 e 25 anos.

Mas qual a diferença entre oscilações de humor e Transtorno Bipolar?

As variações normais de humor fazem parte da experiência humana. Podemos sentir felicidade após boas notícias e tristeza diante de desafios. No transtorno bipolar, essas oscilações são muito mais intensas, duradouras e interferem na vida cotidiana. A pessoa pode passar de um estado de extrema euforia para uma profunda depressão sem motivação aparente.

Tipos de Transtorno Bipolar

De acordo com o DSM-IV e o CID-10, o transtorno bipolar pode ser classificado das seguintes maneiras:

  • Transtorno Bipolar Tipo I: Caracterizado por episódios de mania que duram pelo menos sete dias e sintomas depressivos que persistem por pelo menos duas semanas. Esses episódios podem causar prejuízo significativo na vida do paciente.
  • Transtorno Bipolar Tipo II: Alternação entre episódios de depressão e hipomania, que é uma versão mais leve da mania.
  • Transtorno Ciclotímico: Oscilações crônicas de humor, com sintomas de hipomania e depressão leve, frequentemente confundidos com o temperamento da pessoa.
  • Transtorno Bipolar Não Especificado: Pode surgir devido a outras condições médicas ou ser induzido pelo uso de substâncias.

Entenda os sintomas

Os sintomas da depressão bipolar incluem humor deprimido, perda de interesse por atividades antes prazerosas, fadiga e falta de energia, além de alterações no apetite e no sono. Também podem ocorrer dificuldades de concentração, sentimentos de culpa e inutilidade e, em casos mais graves, pensamentos suicidas. Já os episódios de mania e hipomania se caracterizam por euforia extrema ou irritabilidade, pensamento e fala acelerados, agitação e hiperatividade, além da diminuição da necessidade de sono. Nesses períodos, a pessoa pode apresentar impulsividade e desinibição, ideias de grandiosidade e perda do senso de perigo.

A importância da terapia no acompanhamento

O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico e pode levar anos para ser concluído, pois os sintomas podem ser confundidos com depressão, ansiedade ou até mesmo esquizofrenia. A avaliação deve ser feita por um profissional de saúde mental, levando em conta o histórico do paciente e sua família, pois o transtorno tem forte componente hereditário.

A terapia é essencial nesse processo, pois auxilia o paciente a compreender suas emoções, identificar gatilhos e desenvolver estratégias de enfrentamento. Vale lembrar também que é importante a supervisão médica para casos de uso de medicação.

Compreender as diferenças entre as variações normais de humor e o transtorno bipolar é fundamental para combater a estigmatização e garantir que aqueles que precisam de tratamento recebam o suporte adequado. 

O transtorno bipolar vai muito além de simples oscilações de humor; trata-se de uma condição séria que exige acompanhamento profissional para promover bem-estar e qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para seus familiares.

Se você ou alguém próximo apresenta sintomas, buscar ajuda especializada pode fazer toda a diferença. A terapia é um passo essencial nesse caminho! 

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