Muitas pessoas costumam dizer que são “bipolares” ao perceberem oscilações em seu humor ao longo do dia. No entanto, nem toda variação emocional caracteriza o transtorno bipolar. Essa é uma condição médica complexa, que envolve alterações significativas no humor, energia e comportamento, impactando diretamente a vida do paciente e de quem convive com ele ou com ela.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo, correspondendo a aproximadamente 1–2% da população global. No Brasil, a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB) estima que cerca de 8 milhões de pessoas sofrem com essa doença.
Essa condição pode envolver fatores biológicos, neuroquímicos e psicossociais. Caracteriza-se por episódios distintos de depressão e mania (euforia intensa), podendo também incluir a hipomania, que é uma versão mais branda da mania. Os sintomas podem durar dias, semanas ou até meses, sendo comum o diagnóstico antes dos 30 anos, especialmente entre os 18 e 25 anos.
Mas qual a diferença entre oscilações de humor e Transtorno Bipolar?
As variações normais de humor fazem parte da experiência humana. Podemos sentir felicidade após boas notícias e tristeza diante de desafios. No transtorno bipolar, essas oscilações são muito mais intensas, duradouras e interferem na vida cotidiana. A pessoa pode passar de um estado de extrema euforia para uma profunda depressão sem motivação aparente.
Tipos de Transtorno Bipolar
De acordo com o DSM-IV e o CID-10, o transtorno bipolar pode ser classificado das seguintes maneiras:
- Transtorno Bipolar Tipo I: Caracterizado por episódios de mania que duram pelo menos sete dias e sintomas depressivos que persistem por pelo menos duas semanas. Esses episódios podem causar prejuízo significativo na vida do paciente.
- Transtorno Bipolar Tipo II: Alternação entre episódios de depressão e hipomania, que é uma versão mais leve da mania.
- Transtorno Ciclotímico: Oscilações crônicas de humor, com sintomas de hipomania e depressão leve, frequentemente confundidos com o temperamento da pessoa.
- Transtorno Bipolar Não Especificado: Pode surgir devido a outras condições médicas ou ser induzido pelo uso de substâncias.
Entenda os sintomas
Os sintomas da depressão bipolar incluem humor deprimido, perda de interesse por atividades antes prazerosas, fadiga e falta de energia, além de alterações no apetite e no sono. Também podem ocorrer dificuldades de concentração, sentimentos de culpa e inutilidade e, em casos mais graves, pensamentos suicidas. Já os episódios de mania e hipomania se caracterizam por euforia extrema ou irritabilidade, pensamento e fala acelerados, agitação e hiperatividade, além da diminuição da necessidade de sono. Nesses períodos, a pessoa pode apresentar impulsividade e desinibição, ideias de grandiosidade e perda do senso de perigo.
A importância da terapia no acompanhamento
O diagnóstico do transtorno bipolar é clínico e pode levar anos para ser concluído, pois os sintomas podem ser confundidos com depressão, ansiedade ou até mesmo esquizofrenia. A avaliação deve ser feita por um profissional de saúde mental, levando em conta o histórico do paciente e sua família, pois o transtorno tem forte componente hereditário.
A terapia é essencial nesse processo, pois auxilia o paciente a compreender suas emoções, identificar gatilhos e desenvolver estratégias de enfrentamento. Vale lembrar também que é importante a supervisão médica para casos de uso de medicação.
Compreender as diferenças entre as variações normais de humor e o transtorno bipolar é fundamental para combater a estigmatização e garantir que aqueles que precisam de tratamento recebam o suporte adequado.
O transtorno bipolar vai muito além de simples oscilações de humor; trata-se de uma condição séria que exige acompanhamento profissional para promover bem-estar e qualidade de vida tanto para os pacientes quanto para seus familiares.
Se você ou alguém próximo apresenta sintomas, buscar ajuda especializada pode fazer toda a diferença. A terapia é um passo essencial nesse caminho!